sábado, 21 de março de 2009

Primavera

Sem outonos ou invernos
o mundo não faz sentido:
sempre castanho, sempre ameno,
nem tudo é branco, nem tudo é frio.

Com um calorzinho a mais
convidando à paixão
a um invernante destino
a uma outunante escanção

Porque a vida é rodopiante
e os tempos celeres
e a crise aperta
e o mundo irrompe
e a guerra alimenta-se
e a esperança vive
e o desejo é forte
e a mudança assiste...

Sem uma pitada de cor
de que serve ter visão?
Sem uma ponta de frio
de que serve o cobertor?

Nesta rima antiga
assim, tão estilizada,
canto a Primavera da vida
canto a sua chegada!

domingo, 1 de março de 2009

deja vu

Rodopia na palma da mão
como se já conhecesse
o aroma dessa existência
num momento só
as cores de um retrato
antigo e desbotado.

Já viu, respirou, sentiu,
este lugar, labirinto,
que acende a memória
e queima a preto e branco
a lembrança
em lume brando
num piscar de olhar.

Momento duplicado
revisitado, a dobrar,
enchendo o espírito
e voltando a vazar
como lua e maré
brincando... amantes eternos
de um olhar.