domingo, 31 de agosto de 2008

Momento I

«Nunca te vás em vida.»
Acenava depois a cabeça
Dava um suspiro de nada...

«Não deixes que algo que começa
se acabe a meio... por falta de força.»
Escrevi à noite e quando leio
ganho alento e fico outra.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Fotos

Procuro a pasta "Verão 2008";

Um duplo click;

1 segundo - momentos em thumbnails.

Mais 1 click: "Mostrar como apresentação"

E depois é só ir clickando, clickando, clickando...

sábado, 28 de junho de 2008

Uma vida

Beatriz era filha de Lúcia e neta de Conceição. Mais tarde seria a mãe de Sara e a avó de Clara.

Não gostava de nenhum tipo de poder. Abominava as teias da buro-cracia...

Palácios, vales, asfalto desse mundo e muitos sonhos na algibeira.

Voltou as costas ao mundo e foi em busca da magia do simples acto de respirar.

Um dia, levantava a mão como se pesasse toneladas, abria-a morosamente e os dedos erguiam-se como as portas de um castelo... Espreitou, procurou, levantou cada pedaço de esconderijo... Tinha perdido o sonho... Hibernou e dormiu o sono dos animais. Era o mais profundo sonhar e só assim sonhava agora - quando dormia. Sonhar acordada já não conseguia... E era esta impossibilidade que a contorcia e abafava e em vez de uma vida ganhou um fardo e encheram-se-lhe de pedras a algibeira.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Aqui e agora

Entrou já atrasado
abespinhado, espavorido...

- Porquê a demora?

- Fiquei à chuva, ao vento,
perdi o autocarro.
Não cheguei à hora.

- Porquê só agora?

- Já disse. Foi a chuva e
foi o vento.

- Mas o Sol brilha.

- Foram só 10 minutos,
não é grave.
Esquece. Estou aqui.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

12

Devíamos ter a esperança de Janeiro
viver com a folia de Fevereiro
apaixonarmo-nos sempre como Março
cair no ócio de Abril
suspirar como Maio
e ver sempre o céu azul de Junho
parar a meio ... reflexão... em Julho
fruir e desfrutar sempre como se se tratasse de Agosto
desacelerar em Setembro
hibernar em Outubro
mas voltar a acordar em Novembro
com a esperança renovada de ter sempre Dezembro...

terça-feira, 1 de abril de 2008

Carta de Apresentação

Ex.mos Senhores:

Venho por este meio exprimir o que não pode ser expresso.

De momento encontro-me em tamanha letargia que não me permite fazer melhor.
Tendo em consideração que, porventura, nesta indecisão que constitui viver, não me é possível dar resposta à presente emoção que me tolda os afectos, reafirmo minha vontade em fazer nada.

Não obstante, será com satisfação que aceitarei todas as intempéries da tentação do trabalho e me prostrarei perante quaisquer reivindicações superiores teimando em activar minha energia positiva.

Desde já me disponibilizo para uma entrevista pessoal com os meus medos.
Agradeço o desafio lançado à minha pessoa e a oportunidade em superar-me a mim mesmo.

Sem mais assunto de momento despeço-me com profunda vontade de abarcar um outro mundo.

Aguardando uma resposta positiva quanto à possibilidade de encontrar os antípodas do cinzentismo, despeço-me com a mais elevada comiseração,

xxx





Tanto - Alguns - Nada

Tanta tinta no papel
em sufoco - as palavras também.


Tanto bit exultante
de significado
Os caracteres traduzindo
na sua união com as ideias

o SIGNIFICANTE aspirante a SIGNIFICADO...

Alguns bytes gritam ajuda
dele(i)tam-se as memórias
mascaradas de versos (pseudo) líricos
enganadas pelo toque na tecla que termina seu tempo.

Mais havia para dizer,

P'ra já - mais nada!