segunda-feira, 12 de maio de 2008

12

Devíamos ter a esperança de Janeiro
viver com a folia de Fevereiro
apaixonarmo-nos sempre como Março
cair no ócio de Abril
suspirar como Maio
e ver sempre o céu azul de Junho
parar a meio ... reflexão... em Julho
fruir e desfrutar sempre como se se tratasse de Agosto
desacelerar em Setembro
hibernar em Outubro
mas voltar a acordar em Novembro
com a esperança renovada de ter sempre Dezembro...

terça-feira, 1 de abril de 2008

Carta de Apresentação

Ex.mos Senhores:

Venho por este meio exprimir o que não pode ser expresso.

De momento encontro-me em tamanha letargia que não me permite fazer melhor.
Tendo em consideração que, porventura, nesta indecisão que constitui viver, não me é possível dar resposta à presente emoção que me tolda os afectos, reafirmo minha vontade em fazer nada.

Não obstante, será com satisfação que aceitarei todas as intempéries da tentação do trabalho e me prostrarei perante quaisquer reivindicações superiores teimando em activar minha energia positiva.

Desde já me disponibilizo para uma entrevista pessoal com os meus medos.
Agradeço o desafio lançado à minha pessoa e a oportunidade em superar-me a mim mesmo.

Sem mais assunto de momento despeço-me com profunda vontade de abarcar um outro mundo.

Aguardando uma resposta positiva quanto à possibilidade de encontrar os antípodas do cinzentismo, despeço-me com a mais elevada comiseração,

xxx





Tanto - Alguns - Nada

Tanta tinta no papel
em sufoco - as palavras também.


Tanto bit exultante
de significado
Os caracteres traduzindo
na sua união com as ideias

o SIGNIFICANTE aspirante a SIGNIFICADO...

Alguns bytes gritam ajuda
dele(i)tam-se as memórias
mascaradas de versos (pseudo) líricos
enganadas pelo toque na tecla que termina seu tempo.

Mais havia para dizer,

P'ra já - mais nada!

quarta-feira, 26 de março de 2008

Não sabia...

que nascíamos aos gritos
e depois nos calam,

que nascemos sem pátria, sem língua
mas nos adoptam
nas que temos a sorte ou o azar de nascer.

Nascemos sem nada
e vamos perdendo tudo.
(conquistas vãs na saga da Felicidade)

Nascemos pequenos e pequenos vamos ficar
(somos tão pequenos)

Eterno niilismo na ilusão do Ter...

Não sabia...

domingo, 9 de março de 2008

MULHERES

Ísis, guardiã alada dos mortos,
mãe do universo;

Neit, andrógina,
dois terços homem
um terço mulher,
criou o mundo com sete palavras.

Meresanq, guardiã das escrituras,
do conhecimento...

Cleópatra, rainha,
encarnação de Ísis,
fecundo Nilo...

No antigo Egipto éramos amadas,
que aconteceu depois?

terça-feira, 4 de março de 2008

Existência Virtual

Nos recantos das letras de 1 blogue

escondem-se rostos, olhares, mundos...

Calcorreando bits e bytes

escorrem pergaminhos elípticos

de saudade de outros suportes.

Foi-se o Gutenberg,

a cada delete , copy, cut, paste

asfixiado por tanto click, enter, caps lock, insert...

Até nesta caixa

transbordante de hard e software existe um home e um end.

Nunca foi

Nunca foi nem quis ser
o rio que corre sem se perder...

Nunca teve nem quis ter
um mar deserto a entardecer...

Nunca viu, mas quis ver
um mundo encantado
de fadas,
cavalos alados,
duendes verdes,
dragões,
almofadas de veludo,
janelas redondas,
dragões
e ogres
e trolls
e bruxos
com príncipes e princesas
...
...

Não conheceu, mas quis conhecer
o Borges, o Marquez, o Mia, o Andersen
e os irmãos Grimm...

Não escreveu , mas quis escrever
um épico, uma trovadoresca, um soneto...

O Herberto, o Al berto, a Sophia...
personagens das horas vagas dos sonhos...
figurantes a tempo inteiro...